segunda-feira, 7 de agosto de 2017

QUEM NÃO CONHECE?


Ruínas da Casa Velha
Da idade dessa casa
Não sei a conta dos anos
Nas portas já carcomidas
Marcas de implacáveis danos 
E as suas paredes tortas 
Escondem lembranças mortas 
Nas sobras dos desenganos

Pelos sóis quentes tiranos
Rachões surgiram na frente.  
Alguns tijolos caídos
No paredão do Poente
Que no silêncio deserto
Não dá pra dizer ao certo
Se foi morada de gente

O mato seco e o sol quente
No lugar que era o terreiro
Um pé de jurema Preta
Da flor não tem mais o cheiro
Um gato magro e com sono
Cochila esperando o dono
Sem saber seu paradeiro

Um velho pé de umbuzeiro
Que eu não sei quando caiu
O velho esteio quebrou-se
E depois da queda sumiu
Tem os restos de um pilão
Junto de um velho fogão
Que a gitirana cobriu

A telhado sucumbiu  
Pelo rigor dos mormaços
Hoje só resta os escombros
Sem cobrir mais os espaços
Ripas, linhas, caibraria
De longe assim parecia
Um esqueleto sem braços

Alguns restos dos pedaços
Das louças de seu patrono
Tiras de um lençol, recordam
Do barulho do ressono
Ecoando entre as cortinas
Penduradas nas ruínas
Da camarinha do dono

Depois de tanto abandono
E do tempo sofrer maldade
Quem passa por perto sente
Que ainda tem dignidade
E nos restos desse cenário
De vez em quando um canário
Canta sentindo saudade.

Antônio Nunes

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