segunda-feira, 12 de abril de 2021

QUADRO: " GENTE QUE FAZ A HISTÓRIA DE ALAGOA GRANDE " - 01

 Osvaldo Trigueiro 

 

de Albuquerque Melo  

 

 

  Exerceu os seguintes cargos públicos: 

 

- Promotor de Justiça no Estado de     

  (Minas Gerais, 1925-1929);  

- Prefeito de  João Pessoa-PB (1935- 

  1937);  

- Governador do Estado da  

   Paraíba – (1947-1950);  

- Deputado Federal-PB: (1951-1954);  

- Embaixador do Brasil na Indonésia         

  (1954-1956) 

- Procurador Geral da República: (1964-  

  1965);  

          - Ministro do STF - Supremo Tribunal    

             Federal:     

            1965-1975. 

 - Faleceu no Rio de Janeiro no  

   dia 30 de julho de 1989. 

 

 

               Nasceu em Alagoa Grande-PB, no dia 2 de janeiro de 1905. 

Filho do fazendeiro, agricultor, chefe político e “coronel” Francisco Luís de Albuquerque Melo (mais conhecido por Coronel Chico Luiz, e de América Trigueiro de Albuquerque Melo. Seu pai comandou o Partido Conservador em Alagoa Grande, cidade da qual foi prefeito duas vezes. 

           Advogado e professor, fez o curso primário no Colégio de Alagoa Grande e o secundário no Colégio Diocesano Pio X, em João Pessoa, então cidade da Paraíba. Em 1924 bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de Recife. 

          Em 1925 transferiu-se para Minas Gerais, onde foi ser Promotor de Justiça e Inspetor de Ensino secundário na cidade de Teófilo Otoni, onde permaneceu 1929.  

          De volta à Paraíba, participou, entre 1929 e 1930, da campanha da sucessão do presidente da República Washington Luís, combatendo a Aliança Liberal, chefiada pelo presidente do estado, João Pessoa.              

          Em 1931 passou a residir no Rio de Janeiro, dedicando-se à advocacia. Com a eleição de seu colega de faculdade Argemiro de Figueiredo para o governo da Paraíba em 1935, foi nomeado prefeito de João Pessoa. Exerceu esse cargo até 10 de novembro de 1937, quando da decretação do Estado Novo. Exonerou-se, então, imediatamente da prefeitura, e recusou uma das secretarias de estado, que lhe foi oferecida por Argemiro, transformado em interventor. De volta ao Rio de Janeiro, dedicou-se exclusivamente à advocacia. 

          Entre 1939 e 1940 cursou a Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, obtendo o diploma de mestre em Ciências Políticas. Sua tese, O regime dos estados na União americana, foi publicada no Rio de Janeiro em 1942. De 1941 a 1945 voltou a advogar no Rio de Janeiro, tornando-se vice-presidente do Clube dos Advogados, secretário do Instituto dos Advogados do Brasil e representante, durante vários anos, do Conselho Secional paraibano da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conselho Federal dessa mesma instituição. 

          Com o fim do Estado Novo - (29/10/1945) - retornou mais uma vez à Paraíba para participar da campanha da sucessão presidencial, integrando a corrente que apoiava a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes, lançada pela União Democrática Nacional (UDN). Tendo sido um dos fundadores desse partido, elegeu-se governador da Paraíba no pleito de 19 de janeiro de 1947, derrotando o candidato do Partido Social Democrático (PSD) Alcides Carneiro. Tomou posse no dia 6 de março do mesmo ano. 

           Durante seu governo, deu prioridade aos problemas da educação, saúde, produção agrícola e transportes. No setor educacional, dotou o estado de mais de 30 novos grupos escolares, em prédios quase todos construídos para esse fim. Abrindo mão da contribuição que desde 1930 o Tesouro recebia dos municípios, instituiu o ensino municipal autônomo. Criou inúmeros postos de saúde, como também o Centro de Saúde de Campina Grande e o Hospital de Itabaiana. Criou o Departamento de Saneamento e construiu o sistema de abastecimento de água de Alagoa Grande, ficando o da capital em avançado estado de construção. Firmou contrato com o Escritório Saturnino de Brito para estudos e projetos de abastecimento de água em dez cidades do interior, incluindo o de Alagoa Grande, sua terra Natal, cujo Prefeito, à época, O Sr. Telésforo Onofre, havia sido um ferrenho opositor da sua campanha governamental.  

 

          E isto ocorreu de forma inusitada. Ao assumir o governo da Paraíba, Oswaldo Trigueiro, já Governador do Estado, mandou um convite para que o prefeito Telésforo Onofre comparecesse ao Palácio. Ao chegar à sua presença, o prefeito, curiosamente, indagou ao Governador sobre a finalidade do seu convite. Ao que prontamente, respondeu o governador, incisivo e instantaneamente: 

 

               - “Convidei-o não para tratar de assuntos políticos, mas para tratarmos sobre assunto de interesse de nossa querida  terra.”  

           

                       Desincompatibilizou-se do cargo de governador em junho de 1950 para se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal. Seu lugar foi ocupado pelo vice-governador José Targino Pereira da Costa.                  

          

             Foi Deputado Federal pela Paraíba na legenda da UDN, tomando posse em fevereiro de 1951. Foi diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e da Revista Brasileira de Política Internacional.  

           Foi Embaixador do Brasil da Indonésia assumindo quando deixou a Câmara Federal em 15 de setembro de 1954. Permaneceu na embaixada até 1956.  

          Em 1961 atuou ativamente no foro local, sobretudo perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse mesmo ano foi nomeado ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cargo que exerceu por quatro anos.  

         Em abril de 1964, o presidente Humberto Castelo Branco convidou-o para ser procurador-geral da República, cargo que ocupou até ser nomeado pelo próprio Castelo ministro do STF, onde tomou posse em novembro de 1965. Em 1969 foi eleito presidente desse tribunal, permanecendo nesse cargo até dezembro do ano seguinte, quando foi substituído na presidência por Aliomar Baleeiro. Aposentou-se do STF em fevereiro de 1975, cedendo seu lugar a José Carlos Moreira Alves. 

          Faleceu no Rio de Janeiro no dia 30 de julho de 1989. 

 

 

(Equipe de pesquisa e redação 

do GENTE QUE FAZ 

A HISTÓRIA DE ALAGOA GRANDE). 


Filhos e Amigos de Alagoa Grande.
N° 10
MARGARIDA MARIA ALVES,
A MÁRTIR DO SINDICALISMO RURAL DO BRASIL.
Os fatos se referem ao assassinato de Margarida Maria Alves, mulher e trabalhadora rural nordestina que era Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, em 12 de agosto de 1983.
Margarida Alves incentivava e incentiva (em memória) as trabalhadoras e trabalhadores rurais a buscarem na justiça a garantia de seus direitos.
Construiu uma larga trajetória sindical de luta pelo direito à terra, pela reforma agrária, por melhores condições de trabalho e contra as injustiças sociais e o analfabetismo, tendo fundado, enquanto esteve à frente do Sindicato, o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, representando um marco no movimento sindical brasileiro e rompendo com padrões tradicionais de gênero.
Segundo a petição apresentada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 17 de outubro de 2000, Margarida exercia um papel essencial na representação dos trabalhadores rurais de cultivo de cana-de-açúcar no estado da Paraíba, motivando-os a exigir o cumprimento das leis trabalhistas. Como resultado de seu trabalho, mais de 73 Reclamações Trabalhistas foram movidas por esses trabalhadores contra fábricas e propriedades rurais do setor canavieiro. A vítima teria então passado a sofrer ameaças para que parasse de atuar no Sindicato, às quais respondia publicamente, atribuindo-as ao denominado “Grupo da Várzea”, formado por proprietário de terras, donos de fábricas e políticos e liderado por Aguinaldo Veloso Borges, proprietário da única fábrica de Alagoa Grande e detentor de grande poder no estado da Paraíba.
A vítima foi assassinada em sua residência, em 12 de agosto de 1983, em frente de familiares e vizinhos, por um indivíduo que não escondeu seu rosto. A polícia demorou duas horas para chegar ao local e uma falta inesperada de energia elétrica facilitou a fuga dos autores, que foram vistos escapando em um automóvel Opala vermelho.
A polícia iniciou uma série de diligências no âmbito do Inquérito Policial. Segundo os peticionários, contudo, as investigações teriam sido conduzidas desde o início de modo a serem infrutíferas, visto que testemunhas teriam sido ameaçadas para não depor ou para alterar suas declarações já prestadas. A polícia, ainda, não teria analisado seriamente a linha de investigação de que o crime teria sido motivado pela atuação política da vítima.
Em dezembro de 1983, o inquérito concluiu que Amauri José do Rego, Amaro José do Rego, uma pessoa conhecida como “Toinho” e Antônio Carlos Coutinho Régis, filho de um proprietário de terras, teriam atuado como autores materiais e intelectual do crime, respectivamente.
O Ministério Público apresentou a denúncia contra os três suspeitos identificados em 22 de dezembro de 1983. Contudo, Amauri e Amaro foram considerados foragidos e seu paradeiro continua desconhecido até hoje.
Já a prisão preventiva de Antônio Régis nunca foi efetivada, embora tenha sido solicitada pelo promotor. Além disso, embora as autoridades reconhecessem que o crime teria sido solicitado por diversos proprietários de terra, não houve maiores investigações nesse momento para que todos os autores intelectuais fossem identificados.
Em 17 de dezembro de 1985, iniciou-se o julgamento de Antônio Régis, que foi absolvido pelo tribunal do júri em 5 de julho de 1988. De acordo com os peticionários, as testemunhas da acusação sofreram diversas ameaças durante o julgamento.
O Ministério Público recorreu da decisão e, após inúmeros incidentes no processo, um novo julgamento foi realizado, em 3 de setembro de 1998, resultando em uma nova absolvição. Em 10 de dezembro de 2009, declarou-se a prescrição da ação contra Amauri e Amaro Rego, de modo que o processo judicial relativo a ambos foi arquivado.
Paralelamente às investigações relativas a esses quatro suspeitos, novas testemunhas apresentaram declarações apontando outros autores e partícipes do crime, o que levou a polícia a conduzir investigações complementares no âmbito do Inquérito Policial. Com base nessas investigações, o Ministério Público apresentou denúncia contra José Buarque de Gusmão (vulgo “Zito”), apontado como autor intelectual do crime, e Betâneo Carneiro dos Santos, suposto autor material.
A demora nas investigações, contudo, fez com que diversos suspeitos fossem excluídos do inquérito: “Mazinho” e Aguinaldo Veloso Borges, que haviam falecido, respectivamente, em 1986 e 1990, tendo o primeiro sido assassinado; Betâneo Carneiro, que por sua vez foi beneficiado pela prescrição, visto que tinha menos de 21 anos na data do crime; e João Carlos de Melo, suposto partícipe, também beneficiado pela prescrição. Desse modo, somente “Zito” foi levado a julgamento, tendo sido absolvido pelo júri em 18 de junho de 2001. Após uma série de recursos, a absolvição transitou em julgado em 13 de março de 2003. José Buarque de Gusmão faleceu em janeiro de 2019.
Cabe ressaltar que, para a CIDH, o caso se insere em um contexto histórico de violência contra defensoras e defensores dos direitos dos trabalhadores rurais no Brasil, já reconhecido anteriormente pelo próprio órgão e pelo Estado.
Além disso, a demora injustificada na investigação dos fatos já foi reconhecida por órgãos estatais.
Diante disso, os peticionários alegaram perante a CIDH a violação do artigo I da Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem (DADDH) (direito à vida, liberdade, segurança e integridade) e dos artigos 8º e 25 da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) (garantias judiciais e proteção judicial), relacionados ao artigo 1.1 do mesmo instrumento (obrigação de respeitar os direitos), devido ao fato de o Estado não ter adotado medidas preventivas para garantir o direito à vida da vítima e também pelo fato de o crime ter ficado impune. Destacaram que a investigação foi sempre conduzida de forma ineficaz, apesar da constante atenção que o crime recebeu, incluindo denúncias de testemunhas e de organizações nacionais e internacionais.
* O5/Agosto/1933
+ 12/Agosto/1983
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- Dados do YouTube.
- Pesquisa e resumo da equipe de redação do Gente que Faz a História de Alagoa Grande.


GEORGE KASPAR
DEININGER
(JORGE ALEMÃO)
N° 9
A Oficina do Alemão – como era conhecida - começou a funcionar em 1910, na Rua Macário de Castro, tendo como proprietário o alemão conhecido pelo nome de Cristiansen (mais conhecido por Cristiano), que tinha como sócio, outro alemão com o nome de Nelson.
Só em 1922, chega a Alagoa Grande o alemão George Kaspar Deininger, que encorporou-se a oficina como Técnico em Mecânica.
O mesmo havia trabalhado dois anos na fábrica de tecidos de Jader de Andrade, na cidade de Timbaúba, estado de Pernambuco. Já em nossa cidade, passou a trabalhar como empregado para os dois patrícios.
Mais tarde, passou a ser dono com a volta de um dos patrícios a Alemanha, seu pais de origem. Em 1925, passa a ser o único dono, comprando a parte de Nelson que retornara também ao seu pais de origem. De 1925 a 1941, continuou com os trabalhos de manutenção dos engenhos, tendo em 1942 passado a construir tachos e moendas.
A oficina mecânica passou muitos anos com a nomenclatura de OFICINA GEKADE, depois ficou sendo chamada de Oficina dos Alemães, e mais tarde, Oficina do Alemão, sendo nominada pelo próprio Jorge Alemão de "Oficina do Négo. Isto quando o nome de sua rua, denominada Pedra de Fogo, passou a ser Rua do Négo. Enfim, a oficina permaneceu até os seus últimos momentos, com o nome tradicional de GEKADE.
Terminada nas mãos de Murilo Deininger, um de seus filhos. Depois de tantas histórias de lutas e glórias de uma oficina construída e conservada pela técnica e mecânica alemã, eis que tão fatidicamente desaparece da rua; desaparece dos olhos dos transeuntes; some da cidade, desaparece, tragada pela fúria de Camará, uma barragem que deixou marcas de violência na cidade de Alagoa Grande. As águas de Camará armazenadas para usufruto e necessidade da população, tornaram-se bravias, devastadoras e invasoras. Na madrugada, a Oficina de Jorge Alemão foi banida do seu lugar. Foi-se com as águas levando consigo toda a sua parte física, deixando somente escrito na história a sua existencialidade.
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Fonte: Livro do historiador José Avelar.
- Redação do Gente que faz a história de ALAGOA Grande.


Filhos e Amigos de Alagoa Grande. - de mãos dadas com a história - N° 8 DJALMA LINS COELHO - Primeiro Tabelião do 2° Cartório da Comarca de Alagoa Grande-PB - Nasceu em 04/10/1915 e faleceu em 04/03/2015, com quase 100 anos de vida. Casado com Maria de Nely de Farias Coelho. Deixou duas filhas: Gerusa e Ritinha, além de 6 netos e 10 bisnetos. Foi o primeiro Tabelião do 2° Cartório da Comarca de Alagoa Grande, nomeado pelo então Interventor do Estado da Paraiba, Argemiro de Figueiredo. Aposentou-se em 17/08/1961, no entanto, sem afastar-se do dia a dia do trabalho, onde permaneceu até os seus 95 anos de idade. INVESTIDA POLÍTICA A convite de amigos (e estimulado por esses), aceitou o convite para concorrer a uma vaga de GESTOR na Prefeitura Municipal de Alagoa Grande, na época, um desafio, embora contrariando a opinião adversa por parte da família. Era um homem de pouca ou nenhuma vocação política! Nunca havia sentido anseios para chegar um dia a quaisquer cargos eletivos, apesar do amor que sentia pelo seu torrão e a consciência voltada ao ensejo de poder fazer algo de útil para a sua terra natal. No entanto, nunca teve o perfil adequado para as grandes conquistas políticas; ou alguma coisa que o estimulasse a ingressar nesse investimento. Inclusive, era instigante no que se refere às virtudes como honestidade, probidade, honradez e outras condutas - muitas vezes - contraditórias a dos ilustres e excelentíssimos políticos. As suas qualidades, inerentes ao perfil humano, tinham outras oficialidades. Nunca quis ser maior nem melhor que ninguém! Era simples, extremamente simples, não competia com existência de ninguém, era compassivo e respeitável. Construiu uma personalidade ilibada, marca essa que reverberou na prática de uma reconhecida conduta idônea e admirável. Não teve êxito no resultado final da eleição. Nem por isso se abateu!!! Foi derrotado como candidato, mas, pelo motivo de uma integridade imutável, continuou com sua serenidade incólume, sua verticalidade meio mística, pacata! Encarou a derrota amistosamente, inclusive, de peito e espirito erguidos, posto que havia nele uma lucidez e consciência privilegiadas que davam de sobra pra viver como um autêntico cidadão de bem! E assim portava a sua eminente cidadania. Continuou amigo de todos, sem rancor e sem ódio! Não chegou a bloquear nenhuma amizade pelo fato de alguém ter sido contrário ao seu partido. Era pleno de democracia, posição peculiar de quem, lucidamente, sempre soube definir - voluntariamente - a liberdade, a consideração e, sobretudo, a manutenção das grandes amizades que soube com mestria construir em Alagoa Grande, essa terra pela qual sentia grande amor telúrico, enrraizado e sólido. Portanto, inafastável. UM CORAÇÃO AMOROSO EM SILÊNCIO: ASSIM AMOU A TERRA ONDE NASCEU. Amou, sim, a sua terra natal (!!!) E amou como poucos nesse ofício, com timbre, registros, tudo carimbado e assinado no peito, com firma reconhecida no seu cartório interior !!! Sonhava permanecer no seu torrão até o fim de sua existência! Queria dar ao seu espírito, o prazer de ser assistido, acompanhado e conduzido por familiares e amigos até o último ADEUS. Desejou ser acompanhado pelos que souberam cultivar a sua amizade. Assim se foram os últimos anos de Djalma Coelho na terra de Osvaldo Trigueiro, Jackson do Pandeiro, Osório Paes, Heretiano Zenaide, Apolonio Sales de Miranda, Onildo Farias, João da Silva Cruz, "Soldado Doido", "Pimentinha" e tantos outros que deixaram fincadas na história, as suas raizes de verdadeiros patrimônios humanos do Sertão do Paó. AMIGO Como poucos, tinha um largo ciclo de amizade. Djalma Coelho era calmo e conversava pouco. Talvez para adequar as suas palavras ao seu jeito comedido de ser. Falava pouco, quase monossilabicamente. Mesmo assim, fez parte dos principais momentos históricos de Alagoa Grande. Apesar de ter um temperamento calmo e tranquilo, soube interagir em todos os momentos (agitados ou não) da terrimha. Participou dos importantes acontecimentos sociais, políticos e religiosos, sempre acompanhado de sua inseparável Nely, uma mulher sábia! Enfim, era o Tabelião e, ao mesmo tempo, o simples cidadão alagoagrandense, plantando sempre em Alagoa Grande, e amando tudo aquilo que ele se propunha plantar e construir! __ Equipe de redação do "Gente que faz a história de Alagoa Grande"


FILHOS E AMIGOS DE ALAGOA GRANDE
- de mãos dadas com a história -

                   Nº 07 

  MARIA NANCY BARBOSA 

(Professora e primeira mulher a ter um curso superior de Educação Física) 

          Alagoagrandense, a professora Nancy Barbosa, foi a primeira mulher a ter um curso superior de Educação Física em Alagoa Grande e no Estado da Paraíba. 

                 A sua formatura ocorreu em 21 de dezembro de 1951, na Escorla de Educação Física de Pernambuco, em Recife. Graduou-se como professora normalista em Educação Física. 

               O exame  de vestibular foi realizado em fevereiro de 1950. 

              Fez o curso para lecionar no Colégio Nossa Senhora do Rosário, onde prestou serviços até o seu  fechamento, em 1968. Lecionou também no Colégio São José e no Colégio Estadual por vários anos, antes de sua aposentadoria. 

   ESCOLA OSWALDO CRUZ 

                  Oswaldo Cruz foi o nome da escola particular construída por Nancy Barbosa, e que funcionou de 1952 a 1970, onde ministrou cursos de 1º ao 5º graus.  

               Por lá passaram inúmeras pessoas, hoje excelentes profissionais espalhados por quase todos os Estados brasileiros. 

                 Sua escola foi considerada o melhor educandário do município e um dos melhores do Estado da Paraíba, para orgulho de Alagoa Grande. 

                     Na Escola Oswaldo Cruz havia uma particularidade. Até hoje é assunto de relembrança nos vários circulos de conversas sobre histórias antigas sobre Alagoa Grande:  

FOI A ÉPOCA DA              PALMATÓRIA. 

              Era tempo das sabatinas! “Escreveu, não leu, o pau comeu.” Os carrascos executores das palmatoradas nas mãos, eram escolhidos a dedo por ela. Lembro de dois ilustres carrascos, eles se eriçavam e se orgulhavam com tais indicações!  

               Eram aqueles que tinham maior força e agilidade para o golpe da punição, esse castigo mais retrógrado e primitivo que já vi. Hoje todos nós consideramos e enfatizamos o erro clássico que o tempo colocou nas nossas mãos, para o pleno exercício do perdão, ou a simples expressão do “valeu a pena” o ardor delas. E assim sentir na cabeça, a memória do aprendizado que ficou.  

                      Antes da passagem da professora Nancy, fiz uma visita a ela na sua residência, próxima ao antigo IPEP, em João Pessoa. O seu rosto não mais expressva aquele jeito rijo de educar, (na época, o sangue subia-lhe ao rosto. Lembrei-me!). 
Senti a paz resguardando a sua  serenidade, um pacto com a vida, talvez, sentindo ela as palmatórias do mundo que a circunstancialidade humana impõe com o tempo. Esse tempo de caminhar com o dever cumprido e depois voltar para um lugar, algures.  

                    Partiu faz mais de dez anos, mas deixou a sua história de educadora, agigantando-se na memória de uma época e emplacando-se na história de tantos!!!    

Despedi-me dessa visita como que viajando... pensando!!!
... senti saudade!!!
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(Equipe de redação do Gente que faz a história de Alagoa Grande)

Alguns trechos extraidos do livro do historiador alagoagrandense José Avelar.


Filhos e Amigos de Alagoa Grande Nº 06 JOSÉ MACÁRIO DE SOUZA (Zé Macário) Farmacêutico, político, defensor dos mais carentes, dos mais humildes. Conhecido por sua calma, sutilmente ortodoxa. Foi considerado o Médico dos Pobres. Participou de movimentos de restauração em prol o Theatro Santa Ignez, de sua cidade; preservação de patrimônios ecológicos da cidade, a exemplo da centenária árvore do Tamarindo que - à época - revoltou todos os lúcidos e indignou os defensores da anti-destruição histórica da cidade de Alagoa Grande. Nasceu em 21 de novembro de 1935, filho de Macário José de Souza e Iracema Soares. Ingressou no ramo de farmácia no laboratório de manipulação do vetusto farmacêutico Lauro Santos, adiquirida logo após por José Ribamar Lemos que, com o tempo, foi adiquirida por Zé Macário que a nominou de Farmácia São José. Dinâmico e com a prática de seu carisma natural, Zé Macário, (como era chamado pela população), deu os seus primeiros passos na política. Nessa investida, foi Vereador por duas legislaturas, chegando até ao cargo de Presidente, oportunidade em que deixou registrada a sua marcante atuação como administrador legislativo, sendo responsável pela propositura de construções de lavanderias para a população carente e chafarizes espalhados pelos logradouros, precariamente assistidos pelo abastimento dágua. Foi candidato a Prefeito da cidade, não logrando êxito. Nem por isso, deixou de pontuar o olhar para os benefícios da cidade. Continuou o trabalho de abnegação, visando o progresso e o desenvolvimento da cidade. Ligado ao partido do então Deputado Edme Tavares e Deputado Federal Wilson Braga, conseguiu, através de seu prestígio, inúmeras realizações para o povo de Alagoa Grande, a exemplo de Cartas de Habite-se e de Posse de imóveis do Conjunto Residencial da CEHAP, no município. Conseguiu créditos rurais para agricultores necessitados, encrementando o incentivo aos trabalhadores daquelas regiões. UM HOMEM GENEROSO, PACATO, TINHA UMA ATENÇÃO IGUALITÁRIA A TODOS QUE O PROCURAVA. GERAVA CONFIABILIDAE. SEGURANÇA E ATENÇÃO. Zé Macário era considerado o médico de todas as classes. Em sua farmácia, convergiam ricos e pobres, pessoas de estudos e pessoas que nunca puseram os pés num batente de escola. Inclusive, as crianças que lá chegavam, eram atendidas como se fossem gente grande. Para ele, não importava a cor, ou o nível econômico! Ele atendia sem nenhuma distinção, com a mesma atenção a todos, com o mesmo interesse da cura, com o mesmo valor humano, virtudes inerentes dos caracteres que constituiam a sua peronalidade. Nada faltou a população de Alagoa Grande, durante a sua atuação como farmacêutico. A menos que algum jovem de antigamente, ainda hoje se lembre das picadas de Benzetacil que queimavam e ardiam intensamente, ao mesmo tempo, quase incessantes! A menos que eles ainda tenham vontade de olhá-lo de cara feia, por lembrar das injetadas da penicilina G com Benzatina. No entanto, por outro lado, tenho certeza, a cura dos resultados das peripécias mundanas que os levavam a procura dos socorros emergentes de Zé Macário, essa deve ainda existir no grande e inesquecível reconhecimento de gratidão a ele! Grande e saudoso Zé Macário!


“GENTE QUE FAZ A HISTÓRIA DE ALAGOA GRANDE” Nº 05 CLOVIS DA COSTA BARACUHY (Médico e político, 30 anos dedicado a assistência médica da população de Alagoa Grande. Um médico que foi: de Ortopedista a Parteiro; de Pediatra a Médico Legista. E com competência e abnegação). _____ Nasceu no Engenho Boa Fé, em 1904, no município paraibano de Pilões. Faleceu em 1994 com 89 anos de idade. Aos três anos, foi acometido de poliomielite que lhe deixou com sequelas no caminhar, entretanto, nunca se achou limitado para lutar pela vida. Sempre andou com a ajuda de uma Bengala. Em 1932, formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia. Na época, a mais próxima da Paraíba. Enfrentou duras jornadas para chegar até Salvador. Saia a meia noite montado a cavalo do engenho e caminhava 12 KM até a cidade de Borborema, onde pegava o Trem para Recife, numa viagem de 12 horas. Às vezes, ficava em Recife esperando o Vapor por dois, três dias e enfrentava uma viagem marítima por três dias até Salvador. As viagens de trem e a de Vapor, não eram confortáveis. No trem, era a poeira e no Vapor, a fumaça. Fez o curso de seis anos e só ia em casa, visitar os pais uma vez por ano. Terminado o Curso, com 28 anos de idade, teve muitos convites para atuar na Bahia e em Minas Gerais. Convicto de que iriam precisar muito dos seus préstimos, decidiu vir para a Paraíba para praticar a profissão, pois não havia cursos de pós-graduação, e tinha que ser médico polivalente, atuando como ortopedista sem radiografia nos pequenos traumas, à exemplo de retirar grãos de milho ou de feijão de dentro de nariz ou ouvido de crianças. Ser médico parteiro sem pré-natal, sem anestesia. Os remédios eram muitos de fórmulas preparadas nas farmácias. Não havia laboratório de Análises Médicas nem hospital. Foi assim que ele começou enfrentando a profissão. Começou na Cidade de Teixeira, sertão da Paraíba onde atuou por mais de um ano. Mesmo assim, sentindo-se muito limitado pois, não existiam mínimas condições para o trabalho médico. Veio para a Cidade de Alagoa Nova onde atuou até 1935. Neste ano, chegou a Alagoa Grande, 40 quilômetros da cidade onde morava seus pais, e era a cidade que tinha o trem, uma comunicação rápida com a capital. A viagem de 110 KM demorava quatro horas. O atraso era imenso. À época, não havia geladeira, telefone, água encanada, energia elétrica. Somente quatro horas por dia, a energia vinha de uma geradora movida à lenha de propriedade do Sr. Otávio Lemos. Nesse tempo, as estradas eram de barro, quase intransitáveis no inverno, e só existia um carro de aluguel. Não havia colégios nem escolas. Foi nesse ambiente que ele trabalhou, servindo a mais de cinco municípios vizinhos. A carência de Serviços Médicos era ciclópica, e ele enfrentava sem reclamar da sua limitação de locomoção. Enfrentava distâncias a cavalo, de carro alugado quando tinha estrada, todas as horas do dia ou da noite. Somente em 1953, ele comprou um Jeep e ficou com mais acesso em períodos de chuvas e exerceu a profissão como um sacerdote, a servir, com dedicação a população em geral da cidade de Alagoa Grande, onde atendia em seu consultório, como também em residências familiares. Foram 30 anos de dedicação em Alagoa Grande. Quando saiu de lá, veio para João Pessoa, já trabalhando em ritmo bem menor, deixando de trabalhar em 1972, já com a saúde bastante abalada. Tinha um consultório dentro do terreno da casa onde residia, com a ajuda de um auxiliar de enfermagem. Atendia à muita gente, de todas as idades. Consultas e receitas eram escritas com uma letra muito ruim devido a quantidade delas e na piora da saúde, piorou também a sua grafia. Muitas vezes, era preciso o farmacêutico Lauro Santos (e depois Zé Macário) decifrar o que estava prescrito. Eles preparavam as fórmulas dos remédios. Conta o seu filho Ananias, que numa ocasião, ele escreveu uma receita que Zé Macário não conseguiu decifrar de tão ilegível que estava. Pediu para ele reescrever, mas ele mesmo não conseguiu ler o nome da solução que indicara. O jeito foi repetir a consulta na presença do paciente. Nesse longo tempo que viveu em Alagoa Grande, foi um homem respeitado por toda a população. Tinha acesso a toda família alagoa-grandense, com respeito, honestidade, pela conduta de atendimento e pela humildade no trato com seus pacientes, um dos melhores caracteres de sua personalidade. Nunca deixou de atender qualquer doente, independente da hora e da situação econômica. O compromisso dele era servir e assim, cumprir com eficácia o juramento de Hipócrates. Ele amou Alagoa Grande intensamente. Participou de todos os acontecimentos que traziam progresso para a cidade. Foi assim na construção do saneamento, na construção do Colégio São José, na vinda das Freiras Dorotéias para instalar o curso primário que não existia. Presidiu por mais de 10 anos uma Cooperativa de Crédito Agrícola que ajudava muito ao agricultor de baixa renda; participou ativamente da vida política do município disputando eleições de Prefeito e Deputado Estadual. Participou de atividade rural, seu laser era ficar junto do pequeno rebanho de bovinos que cuidava com sua paixão de homem rural, em 1937. Casou-se com uma alagoa-grandense e formou uma família de seis filhos sendo quatro nascidos em Alagoa Grande. Em certo momento, afirmou Ananias, “ele me confidenciou que era um homem feliz porque se sentia muito gratificado em poder ter servido aos seus pais em momentos dos mais difíceis, onde a saúde deles já não os ajudava muito. Sua família é altamente grata pelas homenagens que ele recebeu desse povo. Hoje há seu nome num Posto de Saúde do SUS e uma homenagem feita pela Câmara Municipal em 2002, que instituiu a Comenda Clovis da Costa Baracuhy, para pessoas que tenham reconhecidamente prestado, Serviços Relevantes de Saúde no Município. A sua atuação como profissional, incentivou a dezenas de alagoa-grandenses a ingressarem na profissão de Medicina. Cerca de mais de trinta, seguiram a carreira da saúde. Esse homem representa um exemplo de Pai, um exemplar profissional, apaixonado pelo esplendor da ciência médica e os seus encantos. Um ser humano cristão, e um médico missionário dedicado ao bem comum. COMO SE FOSSE O ÚLTIMO DESEJO: Aconteceu em 1992. Uma grande multidão se aglomerava em Alagoa Grande. Mais precisamente, no SUS, onde se realizaria a aposição do seu retrato numa das salas de suas dependências. Já viúvo, com algumas consequências de patologias cerebrais, devido a vários AVCs, manifestou, surpreendentemente, a vontade de se fazer presente. Já no final da cerimônia, ele pediu para andar nas ruas de Alagoa Grande, fazendo uma rememoração de seus dias ali vividos. Foi reconhecido e comprovado, que aquele foi o seu maior desejo, muito além de simplesmente ver o seu retrato sendo posto na parede. Quis ver mais, quis ver o retrato de sua própria vida, em cada pedaço do chão da terra que pisou, saudosa que tanto amou e que lhe trouxe grandes emoções. Foi o seu último desejo!!! Se emocionava a cada passagem nos lugares mais conhecidos que lhes prendia o olhar. Na frente da casa onde morou durante trinta anos, pediu ao motorista que parasse o carro, olhou a casa em silêncio, fitou... fitou... fitou por alguns segundos... e chorou copiosamente!!! Foi ali onde ele mais viveu a sua profissão e cidadania. Seus quatro primeiros filhos haviam nascidos lá, seu consultório foi quase todo o tempo ali. Enfim, as marcas que o tempo lhe deixou, haviam construído uma infinita história de amor telurico de um sacerdote da medicina. O médico que tratou da família alagoa-grandense com toda dedicação e desvelo, deixou o estigma de grande profissional da saúde no esplendor de sua história. ___ (Equipe de pesquisa e redação do “GENTE QUE FAZ A HISTÓRIA DE ALAGOA GRANDE

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