quarta-feira, 5 de julho de 2017

CURTAM....


Janelas sem ninguém

Retorno, à mesma rua, o meu desejo
de me encontrar comigo e estar contente.
Mas a rua mudou. Bem diferente
é a mesma rua que na noite vejo.

Já não há mais espera ao meu andejo,
já não há na janela, à minha frente,
as covinhas do rosto, a inocente
e eterna musa que em meus versos beijo.

Algumas rosas, dálias amarelas,
nas janelas abertas. Ninguém nelas.
A rua está mais triste, e eu também.

Pobres flores, no outono das janelas!
Nem mesmo as flores continuam belas
quando enfeitam janelas sem ninguém.

Ronaldo Cunha Lima

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